17.3.08

utopia, a dois

Charles Chaplin na parede me olhando com reprovação. Ela bem que mereceu aquela surra. Não estava bêbado, lembro de cada soco que levou, que eu dei. Mil vezes disse que seria diferente mas nunca deu certo. Amor é assim, fácil de saber se dá certo ou não, se dá você goza e pronto, se não você enche ela de soco.

Elis Regina no volume máximo pra que eu não ouça meu choro. O rosto dolorido e o contorno dos olhos com as marcas daquela paixão desmedida. Ele sabia que eu não tinha feito nada daquilo, mas os caras disseram que era verdade e ele me encheu de porrada. Não consigo atirar nele, arrancar esse demônio que se apossa de mim pouco a pouco. Ainda o amo.

Já me disseram isso uma vez; "nunca chupe a boceta de uma mulher, ela pode se apaixonar". Eu era moleque e ela tinha 1.75, porta de vidro, eu usava cueca boxer tamanho M. Grande mentira que acreditei. Chupei e agora tô aqui contando minha sina pro Chaplin. Será que ele já se apaixonou por uma boceta?

Eu tinha cabelos curtos e usava meias no sutiã. O nome dela era Cintia, tínhamos dezesseis anos. Minha mãe fazia bolo de chocolate e saía pra trabalhar. Passávamos o dia todo juntas. Ela deve continuar linda.

Eles não mentiriam pra mim. Os brothers. Vaca, e o pior é que sinto o sangue dela nas minhas mãos deixando meu pau em riste. Hoje eles vêm cortar a luz. Fodam-se. Tenho que dizer a ela que acredito, mas ninguém pode me ouvir, só ela.

A ferida nunca pára de formigar. Os vermes já estão chegando nos rins, não falta muito pra a agonia terminar. O álbum do casamento não tem data. A lápide vai ser assim também. Quero apagar a luz. Vão cortar a luz!

Não posso ficar aqui sozinho.

Não posso deixar que fique sozinho!

"Alô?!"
"A chave está debaixo do tapete"
"Cortaram a luz?"
"Ainda não.Traz umas cervejas..."

Ela deixou eu chupar a boceta dela. O Chaplin nunca deve ter sentido isso.
Ele apagou a luz. Tomamos todas as cervejas. Todo dia vai ser sempre igual...

Nenhum comentário: