28.8.10

Ou é aquele desejo interminável de te - me - encontrar outra vez. Entrar no supermercado e rodar corredores sem ter em mente o que comprar, de detergente ao achocolatado, cerveja, pão, não comprar nada e voltar pra casa cultivando um tipo estranho de solidão. Ou aquela música fudidamente bonita que você canta rouca tirando a roupa e jogando a sua calcinha de algodão bem no meio da minha cara, esfregando em mim aquele refrão que nunca mais soou nos corredores da casa. Números discados no telefone, milhares, ninguém atendeu aquela ligação que eu deveria ter feito, mas não fiz. Não é verdade que as piores coisas do mundo saíram do guarda roupa da gente? Pelo menos parece que é assim quando a gente volta e encontra tudo no mesmo lugar, no lugar errado. Cansaço. Uma última chance pra uma história acabada, mas que nas fotos parecia eterna. Linda, a história de amor dos donos da rua, linda como você entrando naquele bar com o dedo apontado pra minha cara e indo embora balançando frases soltas e terrivelmente sinceras. Cabelos brancos tantos quantas vezes as coisas podem, e quase sempre dão, num final deslocado, fora de foco, sem prêmios além de loucos corações em mil pedaços. Pés doloridos tanto quanto a paciência passa da conta, e passa, e passa bem longe. Assim como a consciência, na mesma medida de uma ressaca. Falível como as nossas brigas por quase nada, porque é assim mesmo baby, é quase nada.