Tô me retorcendo filhadaputamente pra desfazer esse nó, não importa o tipo do nó, ele tá aqui e tá sufocando. Tô indo e voltando do inferno, sete vezes ao dia, as vezes oito. Remorso, tenho topado com ele todas as manhãs, é um cara feio, baixinho, escarnece com dentinhos podres, cospe no chão e não te larga, ele não vai embora com um pedido educado, ele não vai.
Quando cansa pensar já é hora de acordar e sair de casa, trabalho, rua, ''olás!" desinteressados. Fodeu. Aquele pedacinho que eu tinhaa agarrado com toda a força, aquele pedacinho cru de alegria que me fazia querer gritar todo o sentido das coisas, porque havia um sentido em todas as coisas e eu via naquele pedacinho cru, esmigalhou-se, assim como o meu coração, que não é só músculo. Assim como o desespero de não ter mais a sua sombra com a minha por aí. Assim como o medo de ficar tão sozinha quanto essa sombra. Assim como a falta de coragem pra voltar lá, de ouvir tudo aquilo, de encarar todos os defeitos, todas as falhas, de encarar você sem poder te dizer que eu te amo pra sempre. E sinto tanta falta de poder dizer isso sem cercar de dúvidas a nossa vida, a nossa cama, a nossa salada de tomates. Não tenho um diário, mas se tivesse um hoje começaria a escrevê-lo assim acabou, então...