17.3.11

03 de Março

Eu esperei ansiosamente pra te conhecer. Queria ver seus olhinhos brilhantes, os teus cabelos, queria ouvir seus ruídos e sentir sua mãozinha segurando a minha mãozona. Eu nem sei explicar exatamente o que eu senti quando o telefone tocou e disseram que você já estava lá esperando por todos nós que ansiosos corríamos de um lado pro outro meio perdidos e sorrindo abobalhadamente. Minha mãe me olhava e sem dizer nada me transmitia uma alegria tão grande que me chacoalhava por dentro. Fazia bastante tempo que eu não via tanta alegria nos olhos dela. O Gustavo voltava das aulas na auto escola e mal tinha entrado na sala quando eu gritei "Gu, ela nasceu!" ele sorriu e me deu um abraço. O Vitor andava de um lado pro outro, ora rindo, ora tentando conter a emoção, eu sabia que aquele era o dia mais feliz da vida dele. E eu coloquei tanta roupa na sua malinha que parecia que você e a Erika passaríam seis meses na maternidade. Você nasceu numa quinta-feira molhada, e estava um puta frio. Você nasceu nos trinta minutos de pit-stop que o seu pai fez depois de passar mais de dez horas esperando pra assistir seu parto. Você nasceu num dia em que eu vi minha família toda reunida e festejando, depois de tempos duros e tristes. Você veio pra mudar histórias, e eu fico feliz em poder fazer parte da sua vida que acabou de começar. Seu pai, meu irmão - o Vitu, não pôde assistir seu parto mas ainda vai te ver dar o primeiro passo, o primeiro sorriso, vai ouvir sua voz de criança e a vida dele nunca mais vai ser a mesma, porque agora nem ele e nem a sua mãe, a Erika, serão sozinhos. E eu não estarei muito longe. Fui muito feliz aí nessa mesma casa, torço pra que você seja também!

Você trouxe de volta a alegria no rosto das pessoas mais importantes na minha vida. Agora a casa tem mais cara de casa e todos estão se dando uma nova chance.

A primeira vez que eu te vi foi incrível, entrei no quarto do hospital e te vi no colo da sua mãe, que não parava de rir, eu te peguei nos meus braços e disse "oi Feijoa, muito prazer, eu sou a sua tia, Paula!" e você nem abriu os olhos, e já te amava antes dali. Um dia eu vou te contar tudo isso denovo, e você vai achar um saco pois terá coisas acontecendo e vai achar que não tem tempo suficiente pra todas elas. Vez ou outra eu vou te achar um saco também, vamos ficar tempos mais longos sem nos encontrarmos, e isso não vai mudar nada, um dia você vai entender.

Não sei se estou exagerando nas palavras, se talvez a emoção do primeiro bebê depois de nós três (Vitor, Gustavo e eu), se talvez a empolgação de ser tia e a loucura que é ver meu irmão preocupado com a filha, não sei descrever o que é isso... mas eu chamo de amor!

Espero que você tenha muitos bons momentos, e que seja uma menina forte pra enfrentar os outros que vem junto.



Eu te amo, Yasmin!