Pra cada coisa boa que nos acontece, duas ruins vêm de lambuja, constatado. E pra cada coisa ruim que surge perdemos a chance de observar novas boas oportunidades. Matematicamente, isso pode variar, uma pra cinco, nada bom no meio do tornado. Sabe como é...
Eu que achava que tinha problemas enormes, e vivia choramingando minha triste vida, hoje finalmente descobri o que é estar na merda. Bem no meio dela, toda aquecida num fedido bolo fecal. Aí ouço "pelo menos você mora com sua mãe que te dá as coisas". Sabe o que minha mãe me deu? Um vida todinha minha pra eu cuidar e amar e abraçar e chamar do que eu quiser. Aí eu era pequena e comia salgadinhos de "isopor" e tomava tubaína com os moleques no campinho de piche no fim de semana, e depois eu comecei a usar sutiã e nem tinha peito, e aprendi a dançar bolero na aula de dança e decidi que não queria mais aqueles outros cd's. E tudo ia bem até eu olhar pro espelho e ver meus olhos inchados e minha cabeça doendo e minha boca seca. E daí pra frente eu não parei, e os olhos cada vez mais caídos. Mama Jow nunca foi de me dar grana, comprava o que eu precisava e me alimentava e me dava um troco pra uns doces (falo de pirulitos daqueles listradinhos, chicletes ping-pong, pipoca gasparzinho, esses doces) mas grana mesmo eu tinha porque arranjava uns trampinhos. Mas eu nunca ganhei mais do que eu gasto, e isso é um problema de verdade. Aí eu continuava reclamando e blábláblá...
Mas veio uma coisa boa, bem boazuda mesmo, e como eu já disse, matematicamente a merda viria em peso.
Caí do telhado, LITERALMENTE, e me arrebentei e arrebentei o que restava de "carinho" pela minha família. Porque por mais que eu estivesse disposta a feazer da minha casa um lugar melhor pra viver, eles ainda continuariam sem entender nada. Só congelei, deixei passar mais essa. E agora, vejam só, sei o que são verdadeiros problemas.