3.10.09

Despia-se em frente ao espelho religiosamente as sete, todos os dias. Tinha medo de perder algum detalhe novo dos seios à pubis. Tinha uma tatuagem nas costas, bem no meio, uma centopéia com uma bengala pra cada par das cem perninhas. Era uma tatuagem assustadoramente colorida, que deslizava até sua bunda redonda. Sua fantástica bunda redonda! Escondia feridas no couro cabeludo, escondia maconha na terceira gaveta do móvel mais indiscreto da casa como se sua mãe fosse chegar do trabalho a qualquer momento e aí, seria descoberta. Perdeu a mãe por conta de um resfriado, o médico estava doente e não pôde chegar a tempo quando a velha engasgou com uma azeitona que mergulhava na taça com a bebida. Guardava os dedos em caixas de fósforo, numeradas compulsivamente, porque invariavelmente acabava usando-os para apontar a direção errada ou pra afastar um pouco a cortina do quarto conferindo se aquele vizinho pervertido ainda espera por seus novos detalhes, religiosamente as sete.

28.9.09

fora de área

Já são quase vinte dias sem internet. E isso foi bom pra mim, de certo modo. O ano tá quase no fim, né? O melhor pior ano da minha vida, não precisa de explicações. Muita coisa aconteceu até aqui, não quero falar muito sobre elas agora. Estou com saudades de algumas pessoas que são realmente importantes, angústia fudida no meu peito. Mas fico tranquila porque fico sabendo que as coisas de algum jeito vão bem pra essas pessoas, e isso é maior e mais gostoso de pensar no que nas minhas angústias. Minha saúde agora tá entrando na linha, não que eu estivesse com algum problema mais sério com ela. Saudade de comprar melancia na feira de domingo, e um abacaxi (ou dois), mas não é só ir lá e comprar e voltar pra casa, porque tem tudo aquilo que acontecia antes e depois, e a tarde, lembra?
Esse fim de semana foi bem divertido. Ontem foi aniversário da Manu! Ontem o corinthians empatou com o são paulo e isso beneficiou o Palmeiras! Minha mãe me disse que está com saudades, e nem imagina o quanto eu também estou...
Há dias estou com uma música na cabeça, uma música que eu nem sei de quem é, nem sei se existe mesmo. Mas é uma música bem bonita, viu. Acho que é aquela música fora de ritmo que vamos cantar juntos daqui quinze ou vinte anos, você sabe disso, né?
Amanhã tem o último show da banda Saco de Ratos, lá no Café Aurora, e eu queria muito ir lá ver e ouvir aquele show que não me cansa (e todo mundo, inclusive você, sabe que não é só por isso, também...)
Talvez.
Segunda-feira, 28 de setembro, acho que vai chover antes das três da tarde.