3.10.09

Despia-se em frente ao espelho religiosamente as sete, todos os dias. Tinha medo de perder algum detalhe novo dos seios à pubis. Tinha uma tatuagem nas costas, bem no meio, uma centopéia com uma bengala pra cada par das cem perninhas. Era uma tatuagem assustadoramente colorida, que deslizava até sua bunda redonda. Sua fantástica bunda redonda! Escondia feridas no couro cabeludo, escondia maconha na terceira gaveta do móvel mais indiscreto da casa como se sua mãe fosse chegar do trabalho a qualquer momento e aí, seria descoberta. Perdeu a mãe por conta de um resfriado, o médico estava doente e não pôde chegar a tempo quando a velha engasgou com uma azeitona que mergulhava na taça com a bebida. Guardava os dedos em caixas de fósforo, numeradas compulsivamente, porque invariavelmente acabava usando-os para apontar a direção errada ou pra afastar um pouco a cortina do quarto conferindo se aquele vizinho pervertido ainda espera por seus novos detalhes, religiosamente as sete.

Nenhum comentário: