21.5.10

uma menina geminiana

Lembro do dia que encontrei a Katia e ela me disse "menina, tô grávida! lembra que eu tava passando mal aquele dia? tô grávida!" com um sorriso na cara que me encheu de alegria.
A azeitoninha já ganhou o carinho de todo mundo. Uma menina geminiana, a irmã caçula, a primeira filha! Marilia!
E ela nasce na terça-feira, dia 25 de maio, e eu não vejo a hora de conhecer essa mocinha.

20.5.10

David Goodis

“você me enrolou e me deixou chateada ontem com a história do último trago… não por conta dos 10 últimos infindáveis tragos, exatamente… mas porque ontem você não poderia ter tantos tragos e minha companhia ao mesmo tempo… eu te disse que precisava descansar, te expliquei todos os motivos e como seria se eu dormisse na sua casa… e te propus que eu fosse embora pra que você ficasse a vontade pra tomar todas as suas doses… você não quis… e acatou a minha condição… e então eu optei por me complicar toda e ficar do seu lado, porque eu quis… só que às vezes você não percebe essas coisas porque, em um determinado momento, você fica exclusivamente a serviço do seu prazer, querendo que eu te acompanhe, mesmo sabendo que eu não posso… você passa a não me perceber mais… esquece o que combinou comigo por livre e espontânea vontade… eu não tô falando que você não deve fazer o que você quer, nem pedindo que você abra mão de nada pra ficar comigo ou atenda as minhas necessidades… só que você tem que saber que, às vezes, não dá pra ter as duas coisas ao mesmo tempo, saber que você não vai conseguir abrir mão do que você realmente quer fazer – que ontem era matar uma garrafa de whisky – pra priorizar o que eu preciso, e saber a hora de me deixar ir embora… eu sei que você não faz de propósito ou por mal… tô te falando isso porque não é a primeira vez que acontece… e me deixa com um nó na garganta… e eu não quero ter nós na garganta acumulados com você, porque eu quero ficar do seu lado… ainda assim, você me desarma só com o seu cheiro… bem feito pra mim… quem procura, acha… tô com saudade”



Li esse trecho no blog do Fabio, eu parei de respirar na hora, isso sempre acontece quando leio coisas que poderiam ser tiradas das lembranças dos últimos meses, o meu pulmão endureceu e parou de inflar. Só uma pessoa vai entender o lance com o meu pulmão, extamente como aconteceu no domingo quando quase caí naquele buraco imenso, deu uma alegria doída pensar naquilo posando na sombra, a minha mão tava suando, não foi exagero, foi reconhecimento (daquilo - eu - que tava ficando pra trás). Hoje, quando eu acordei, abri o olho bem devagarinho com medo de alguma coisa ter mudado, e tudo estava lá, e as coisas ainda estão tortuosas, mas estão aqui dentro, a dor não consegue me enganar. Não foi um trato, foi um recomeço, e foi diferente.

pela manhã

E então você acorda e suas roupas não estão lá, em cima do criado mudo um bilhete com a caligrafia que você já conhece. Tudo parece ter congelado naquela madrugada e você não sente frio sem roupas, sua pela arrepia, seus dedos doem e ficam azulados nas pontas, mas você continua não sentindo frio. Você sai da cama e olha em volta, não reconhece o tempo que passou até ali, não recorda do rosto que tinha na noite anterior, e isso causa um tremor. No bilhete repousado talvez alguma explicação e, talvez nada fosse mais do mesmo jeito. Não faria a mínima diferença o que tinha ali, e você rasgaria aos mil pedaços e colocaria com cuidado embaixo da língua. E sobre tudo aquilo que está feito mastigaria devagar, ainda olhando em volta, procurando um cheiro parecido com aquele grudado na sua pele. E então você recorda de um rosto, e algumas palavras se encaixam com as memórias, aquele gosto na boca te faz sentir um calafrio, suas pernas tremem, você pisca duas vezes bem rápido, ainda não sente frio, você sente saudade. Ainda.

18.5.10

Descanse em Paz


Quando o vi pela primeira vez eu fiquei assustada, ele tava fazendo um olhar maligno, tremendo o olho no canto, e logo em seguida estourou numa gargalhada tão alta e tão solta que ninguém naquele quarteirão conseguiu evitar dores na barriga de tanto rir. Casa nova agora, farão uma festa no céu! Aquela gargalhada estrondosa vai continuar ecoando aqui... E o céu vai ficar muito mais divertido, com certeza!
Tchau Cesana, fico feliz por ter cruzado contigo por aqui, e por ter sido chacoalhada pela tua alegria, só vou me lembrar de você assim!
O velório será no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, a partir das 13h, o corpo será cremado as 16h.