3.8.12


o meu amigo Grima Grimaldi fez esse vídeo (que eu gostei muito!) e botou um poema meu.

24.5.12

pós escrito.

mãos e pés formigando, o braço inteiro. calafrio. aquela sensação de que alguma coisa vai acontecer a qualquer momento. aquela coisa que eu fico esperando mas não sei dizer bem como. vou até a janela pra ter certeza de que está tudo sob controle lá fora, mas não afasto totalmente a cortina. não. por detrás das cortinas as coisas devem ser encaradas de uma vez, sem pausas, sem meio termo. acendo a luz, dou uma boa olhada no quarto, no corredor, entro no banheiro e meto meus olhos no rejunte dos azulejos, conto de um a um numa parede inteira. o formigamento continua, agora pelas pernas. eu nunca me lembro onde deixei o maço e o isqueiro, eu tenho essa mania de não guardar os dois no mesmo lugar. é como eu e a garota. nunca estamos os dois no mesmo lugar. e falar sobre isso é como abrir um pouco mais uma dessas cortinas, pesadas, puídas. é olhar lá fora e ver os motivos e os desejos caídos na calçada. é confundir o que se sente com o que está sentindo naquele exato momento quando um pára de falar pra ouvir a voz do outro. então eu encontro o maço e continuo tentando me lembrar. daí fuçando numa gaveta atrás do isqueiro encontro uma fita k7 com aquelas músicas que a gente dançou. fecho então a gaveta e aquela sensação cessa. alguma coisa vai acontecer, mas não agora, porque está tudo sob controle aqui dentro também.

29.1.12

fecha a porta quando sair.

não por mim, porque você vai dizer que eu não faria essa mesma coisa, você vai usar a palavra "merda" e depois vai me dar as costas. "apenas" faça. vai embora daqui e viva sua vida, viva como quiser e nunca mais pense em mim, em nós, não pense em mais nada. vá. levanta do sofá e troque de roupa, acenda um cigarro e tranque a porta. tá tudo bem, eu vou ficar aqui porque nenhum lugar é um bom lugar se estivermos os dois juntos. eu sei e você deveria saber. todo mundo acha que sabe essas coisas, as pessoas não tem culpa, estão apenas cansadas. como eu. como não me sinto ha muito tempo e agora quero, preciso, que você ouça até o fim e entenda tudo isso. ou não, mas ouça até o fim pois eu não vou ter coragem de dizer mais nada depois disso. esgotou, transbordou, implodiu aquela raiva que eu disse não tinha de você. ficar parada sozinha na rua no meio da madrugada no centro da cidade só aumentou mais esse buraco que estamos cavando ha anos. foi o seu jeito de dizer adeus? e você sequer olhou pra trás, e você sequer vai entender o que eu tô tentando te falar. não me importa. eu tenho muito medo de continuar pensando em você. não por mim, por você também, eu vou ter que aprender a ser só eu e não vou mais esperar coisas diferentes em lugares iguais. eu quero minha vida de volta.

3.1.12

todos os dias, horas, minutos. todos passando numa velocidade qual não consigo acompanhar. amanheço com esse gosto de guarda chuva na boca. amanheço quando o sol já está no alto, queimando, ardendo. daí o resto do dia é tentar tocar a vida pra frente, tirar de dentro esses fantasmas sacanas. a noite chega sedutora. de vestido vermelho e salto alto. a noite é uma mulher bonita sentada no canto do balcão te oferecendo uma bebida. tirando você do seu caminho.
a noite na cidade é a mais bonita de todas.