3.4.08

A Revolução dos Vegetais

Todo radicalismo enche o saco. Dei uma pesquisada e fiquei assombrado com os argumentos que os Vegetarianos Radicais ou “Vegans” como se auto-intitulam utilizam para defender seus ideais. Nos fóruns de discussão brindam onívoros como eu com adjetivos que vão desde fascistas até assassinos.

OK bacana defender o direito à vida dos animas, mas e o direito a vida dos vegetais? O tomate merece ser comido vivo? Sim, se o pobrezinho é colhido e comido fresco ainda está vivo!!! Quanta crueldade! E o infeliz alface que do nada é privado de sua vida tranqüila e do ar fresco da manhã para alimentar esse facínora radical? Coitada da couve que é abduzida de sua horta para alimentar o vegetariano malvado!

Brincadeiras à parte, se lutam tanto pelo direito a vida deveriam respeitar quem não compactua com seus ideais, o indivíduo com ponto de vista diferenciado também é vida ora bolas! É o mesmo radicalismo intolerante de algumas religiões, se você come carne está condenado ao inferno, você é um pecador.

Deveriam lutar contra as “MONSANTOS” da vida, multinacionais que exploram nosso país e nosso povo com seu monopólio no ramo de herbicidas. Salvem os vegetais desse lixo! Lutem contra os trangênicos!

Continuarei onívoro, não mudarei minha natureza. Continuo apreciando uma picanha mal passada, mas não me venham chamar de assassino que eu também os acusarei de matadores de tomates, pois eles também são seres vivos. Quanta abobrinha!

Marcelo Rezende - no blog Que Nada!!!
Casal 20 cervejas!


(click do Pierre via Obturador)

2.4.08

Estava no trem encostada perto da porta e bem próxima de duas mulheres. Elas conversavam alto e isso me incomodou um pouco. Outras pessoas conversavam alto e isso me incomodava ainda mais. As duas que tagarelavam perto de onde eu tentava me fazer invisível, falavam sobre um caso que vi no jornal, sobre a morte de uma menina que pode ter sido atirada do prédio pelo pai. Logo, uma delas começou a falar da morte de um garoto que foi seu vizinho (devo confessar que a essa altura eu já estava prestando atenção na conversa. minhas consultas, o extrato da conta corrente e o chaveiro ficaram esperando um pouco mais de silêncio). O garoto tinha dezesseis anos de idade, estudava desde bem pequeno em colégios religiosos, até a primeira série estudou em uma escola católica numa sala só de meninos, da primeira séria em diante frequentava um colégio adventista. Super rigoroso segundo a narradora. Os pais tinham vida bacana, dinheiro nunca faltou. Tinha uma irmã bem mais nova que fazia aula de canto com o coral da igreja adventista. A mãe teve um problema de saúde e depois que começou a frequentar os cultos ficou boa. Assim, derrepente. E todo mundo pirou. Até a irmã mais nova que achou ser um dom divino a voz melodiosa, passando a se enterrar cada vez mais naquilo. O garoto, que ouvi o nome também, Tiago, nunca gostou de nada disso. Dos colégios, da loucura dos pais, da obssessão da irmã. O moleque se matou, tomou um puta coquetel de veneno, remédios e drogas. Deixou uma carta pros pais pedindo que não cometessem com a menina, a irmãzinha, o mesmo erro. A mulher que contava tudo isso ainda disse que ele usou essas palavras "chega de assassinatos, amo vocês". Elas falaram da inveja que brotava. Inveja da casa, da condição financeira daquela família, da voz da pequena menina. "o pai do Tiago é um homem bonito, mesmo com aquelas enormes olheiras" Eu, ali prestando atenção numa conversa que nem me interessava muito, bêbada de sono, tentando me equilibrar num sapato impossível e elas dividindo suas invejas. Também senti uma ponta de inveja, uma inveja leve e quase amorosa. Aquele garoto teve que ter coragem, o que algumas pessoas podem chamar de covardia no caso de um suicídio. Invejei a atitude dele, de tentar salvar a irmã daquilo que ele já conhecia. De não ter ódio apesar de tudo daqueles que o fizeram crescer entre crenças que nem eles, que as impunham, acreditavam. De não sentir falta do que podia comprar. Porque ninguém entende.

Eu não consegui prestar atenção em mais nada dentro daquele trem, eu saí dali antes mesmo do vagão parar na estação.

Meus dentes continuavam pedindo atenção, precisava passar no banco antes de chegar no trabalho e ainda tinha o chaveiro. Percebi que as coisas são piores pra gente de qualquer maneira. É isso que queremos. Mas fiquei pensando por muitas horas naquele garoto suicida. Naquele garoto estranho, que emprestei por alguns instantes sua dor.

O mágico tirou um coelho da cartola. Me entregou o coelho erguido pelas orelhas de algodão. Deixei o bichinho cair no chão e a cabeça rachou e tingiu aquele pelo branquinho. Ela me olhou com reprovação como se quisesse me convercer que aquilo fosse sempre acontecer. Não mesmo. Estiquei meu dedo médio e sorri pra ela. Mamãe acha que não sou capaz de cuidar dos bichinhos. O que ela não sabe é que eu fico feliz quando os vejo parados, calados, gelados. Ela não entende nada. Na próxima vez que ela me olhar daquele jeito agarro o coelho pelas orelhas e atiro bem no meio da cara dela. Eu não matei porra nenhuma. Ele caiu, escorregou, culpa daquele mágico de fundo de quintal. E eu tenho certeza que ela vai repetir a mesma história do cachorro, do gato e dos peixinhos, mas eu não tive culpa em nada. Juro. Mas ela nunca acredita em mim, não tem jeito. E tenta me enganar o tempo todo. Mas agora já não me importam as marcas que vão ficar por debaixo da minha camiseta. Giro pelas orelhas e arremesso bem no meio da cara dela. Pior é que ela tem uma puta cara de mãe, mesmo, e isso me incomoda um pouco.

31.3.08

30 de Março...

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pro Ademir Muniz



Daqui onze anos eu não sei se ainda vou gostar de caminhar pela casa de pés descalços. Não sei também se ouvir o barulho da chuva cair no telhado durante a tarde vai ser assim tão agradável. Porque daqui onze anos ainda está longe. E mesmo assim vai ser como as pessoas dizem "parece que foi ontem". Pra mim aquela data do ano é especial. Não quero presentes e nem fico triste na falta de alguns abraços, pra mim é um dia bem bacana! Dizem que é o nosso dia e que é um dia feliz. Isso é bobagem, é o nosso dia e pronto, não importa se você está ou não feliz. Gosto desse dia, pois eu posso faltar no trabalho, tenho descontos pra alugar aquele filme do lançamento, recebo cartas do banco e do convênio médico. Mentira, eu não tenho convênio médico, mas eles me mandariam um cartão com aquelas mensagens fraternas, é certo que sim.

Nasci no segundo domingo do mês de maio, dia das mães. Acho que pra ela isso foi bem legal, pra mim também foi de alguma maneira.

Lá longe alguém abraçava sua mãe com um sorriso no rosto. Sorriso que experimento agora ao tentar dizer em palavras o quanto gosto do filho dessa mãe. Porque hoje fazem trinta e dois anos que ele chegou. E ele diz que isto não quer dizer nada, que isto é bobagem pois o que muda são só os números e as dores nas pernas. Mas eu penso que sim, e agora faço parte, portanto festejo aqui dentro timidamente. Porque conhecê-lo mudou muita coisa pra melhor. Eu desejo dias menos duros e madrugadas longas com os amigos. "Desejar" essas coisas de paz, saúde e amor não é pra hoje, não é. Eu cuido pra não fazer bobagens e manter as coisas em paz e ás vezes consigo, a saúde vai brincando de resfriar de vez em quando como faz com todo mundo. Amor sim, esse eu desejo sempre, esse eu tenho no peito e divido com o maior sorriso que posso oferecer.

Hoje faz um frio gostoso, é um presente pra alguém que gosta de aproveitar O SEU DIA sossegado, zapeando a tv, fumando um cigarro ou caminhando por aí. Eu não vou te dar um super presente delicadamente embalado num papel daqueles mais bonitos. Vou te dar um beijo e um abraço apertado. As minhas palavras provavelmente vão sumir mas você vai sentir meu coração batendo. Não preciso dizer aqui mais que isso.

Você sabe... eu te amo!