17.3.08
Minha Preferida
Uma mulher diferente. Não diferente no modo de se vestir ou no corte de cabelo, que era mesmo uma marca sua. Tinha algo naquela mulher que mexia com os culhões dos homens. Usava meia calça que eu podia ver ser vermelha. Intrigantemente interessante aquela. Uma dona de casa, sem o lenço na cabeça nem o avental, mas uma dona de casa ainda sim. Das melhores.Em dia de feira eu ficava no portão de casa esperando ela passar empurrando aquele carrinho cheio de maçãs, batatas, tomates e sempre uma melancia, pesado o carrinho. A força que usava pra subir a rua, nenhuma ladeira muito salgada, era tão excitante que não me oferecia pra ajudá-la. Esperava o "olá" e voltava pra dentro de casa. Uma bronha pra vizinha.Poucas vezes conversamos, o papo da vizinhança mesmo. "chove?" "melhor levar o guarda chuva!" Quase nada eu sabia daquela dona de casa e isso é que me deixava admirado por ela. As mulheres gostam de serem admiradas, elogiadas, desejadas. ADORAM chorar no outro dia (blah!). Duvido que estejam certas nisso. Mas ela nunca corou com um gracejo meu, talvez nem o tenha percebido. Eu lá no portão esperando sempre por ela, deixando que o suor escorresse pela face no esforço de subir a rua com o carrinho.Já me peguei várias noites sentado com os amigos, bebendo, pensando na meia calça dela. Vermelha com certeza. Só mulheres como ela usam dessa cor. O marido tem uma loja de materiais de construção no centro, fica o dia todo fora. Os dois filhos (o mais velho é afeminado, tá sempre com um amigo que também é afeminado) estudam durante o dia e estão mais preocupados com suas espinhas. Entre amigos vez ou outra eu pensava na minha vizinha. Em casa, sozinho, era foda.Precisava de mais algumas palavras daquela criatura, queria saber mais sobre aquela simples dona de casa. Fiz amizade com o marido dela. Tudo pra chegar até a esposa dele, e quem sabe até aquela boceta, sem vulgaridades, admirava mesmo aquela boceta. Assisti alguns jogos na casa deles no fim de semana. Tomei cerveja (derrubei um pouco no carpete mas ninguém percebeu). O veadinho e o outro filho deles nunca estavam em casa nessas horas. O cachorro parecia o Falcon do História Sem Fim. Devo ter ouvido até algumas palavras mas fingi que não era comigo. Família linda aquela, e ela no meio daqueles desconjuntados ficava ainda mais bela. Meu pau, isso já no meu quarto, reluzia a admiração que eu tinha por aquela mulher diferente. Ela não tinha uma cintura bem feita nem peitos durinhos (o que era uma pena), tinha até uns quilinhos que não se preocupava em esconder, aparentava ter a idade que tinha e isso não a incomodava, mas tinha aquele pudor bem disfarçado e uma dedicação com a família que me deixava noites acordado, eu e ele, meu pau.Na casa deles nunca pude conversar com ela um pouco mais animadamente, mas já tinha em mente como resolver essa questão. O marido, cheio de nove horas, pouco preocupado com a jóia que dormia a seu lado, não se permitia folgas nem dava margens pra falhas no serviço. Se achava algum tipo de empresário bem sucedido do ramo "cimentício".Toquei a campainha na hora que sabia não ter ninguém, só ela. O mesmo sorriso de sempre, com a mesma falta de malicia com minhas desenroladas. Inventei que tinha perdido a carteira e que poderia estar por lá. Doce criatura. Entrei e juntos vasculhamos a sala, nada da minha carteira. Reparei muitos quadros na casa. "você podia me ajudar a decorar minha sala, não tenho gosto pra quadros" "vamos até lá agora pra ver o que dá pra ser". Queria entender esse 'dar' de outra forma.Andou pela minha sala, pequena mas muito agradável, fez observações que nem absorvi. Seu andar era ereto e descontraído. Minhas bolas já estavam doloridas. Fiquei paralisado admirando minha musa (não muito minha aliás). De súbito ela se virou e fixou meus olhos. Me desconcertei com aquilo. Segundos de puro silêncio. Meu coração tava acelerado. Veio na minha direção e senti vontade de correr. Que me deu? Bem perto agora. Deu uma volta em torno daquele homem que se dividia entre assustado e excitado. Passou a língua no meu pescoço e discorreu um olhar carente sobre meu corpo. Até meu pau... parou, apertou minhas bolas que cada vez mais doloridas pediam por aquilo. Beijei os lábios da dona de casa e mordisquei os peitos dela. Estávamos a sós e eu sabia bem que não tinha a menor chance de alguém perceber o que estava preste a acontecer. O maridão era meu amigo. Os moleques estudam pra caralho. Nem quadros nem o Falcon. Eu e a minha vizinha!Nus, o coração dela galopando junto ao meu. Ia comer a boceta tão desejada. É. Ia. Vi aquele corpo na minha cama E um stalo me fez raciocinar tudo. Como poderia esperar o cumprimento na volta da feira depois daquilo? Como admirar a dedicação com os desajustados daquela casa ao lado? E a meia vermelha, onde deixou que não estava usando?Vestiu-se de dona de casa e entrou na casa ao lado com um sorriso nos lábios. Não corou. Não me proibiu aos domingos pra assistir os jogos com o maridão. Cara gente fina esse.Continuou empurrando seu carrinho com maçãs, batatas e sempre uma melancia. Continuei no portão e com minhas bronhas. Meus amigos continuaram bebendo por mulheres comuns. Eu bebendo por ela, minha preferida, a diferente das outras com sua meia calça vermelha. Facínio um tanto esdrúxulo. Não ajudo com o carrinho, ela prefere assim.
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