16.7.08

quero uma calça de veludo azul

talvez combine com sapatos coloridos. ou botas, que cubram metade das minhas pernas. mas ninguém pode saber, porque ninguém (que é sempre alguém) entenderia. é como se fizesse poemas, daqueles redondos que ninguém entende. sei que não é culpa deles, os ignorantes, mas também não é culpa minha. me calo. mas fazer um poema que combine calças com sapatos ou dizer pra uma mulher o quanto ela envelheceu não é fácil. é pensar na dor do outro com complacência, a mesma que não poderá sentir pela sua (ou pela minha). os poetas choram tão baixinho que poucas vezes você conseguirá ouvi-los. é como se fossem mudos, os poetas. poemar redondamente lembra uma canção antiga, daquelas que o rádio teima em tocar quando seus ouvidos já não suportam mais nada. em círculo, em círculo, em círculo. não conte até três, vista sua calça de veludo azul, esqueça rimas. não conte até três em voz alta, apenas pense. e imagine meu poema sobre amores, dores, sabores e bolores.

tão bonito que seria o último, o único.

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