Querida L. (de Letícia),
eu segurei sua mão na primeira vez que andou numa roda gigante lembra? Sentamos um ao lado do outro e quando estávamos lá no alto eu segurei sua mão e botei em cima da minha calça. Você perguntou porque "ele" ficava daquele jeito e eu disse que isso era o amor. Ah, que beijo suave você me deu naquela noite.
No primeiro dia do nosso namoro eu pedi que tirasse a blusa, faltavam duas horas pro seu pai chegar do trabalho e você me apresentaria pra ele. Sua blusa tinha cinco pequenos botões, lembra? Você estava tremendo e pediu que eu fosse rápido, olhasse e me afastasse. Mas não podia negar que eu te deixava feliz. Encostei meus lábios e você deixou os botões de lado e quase não ouvimos seu pai estacionar. Quando você cuspiu debaixo da almofada do sofá eu tive a certeza que te amaria pro resto da vida.
Menina, ainda a vejo com seus dezesseis anos, subindo a escada do prédio com ses vestidos esvoaçantes. Eu lá do outro lado, despejando toda minha paixão em latas de refrigerante vazias.
Se ainda fôssemos jovens talvez você entedria melhor onde quero chegar.
Vi que engordou um pouco. No supermercado, na fila do caixa, eu estava perto de você e vi que sua cintura cresceu. Seus olhos também estavam diferentes, mas preferi me prender ao seu corpo, que agora é só uma moldura triste do que imaginei pro resto da vida. Aquela menina que segurava seu braço tem os mesmos cabelos que você, e seu perfume se aproximou de mim.
L. (que já não é um anonimato), ainda guardo seus bilhetes. Sua letra infantil e sua escrita confusa. Desenhos e flechas e nossos nomes juntos.
Tudo foi maravilhoso querida. Um mês inesquecível pra mim. Com certeza pra você também.
O que acontece depois foi uma grande bobagem, ainda não entendo porque chorou tanto. Sua irmã me contou que ficou dias sem comer. E enquanto você sofria sua adolescência ela me fazia companhia, e nos divertíamos. Mas respeitei você sim. Jamais amei outra mulher depois e você. Aquelas suas amigas apareciam a noite, nos divertíamos e era só isso. Nenhuma mulher desconhecida por você entrava na minha casa depois das vinte e uma.
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