20.3.08
O mágico tirou um coelho da cartola. Me entregou o coelho erguido pelas orelhas de algodão. Deixei o bichinho cair no chão e a cabeça rachou e tingiu aquele pelo branquinho. Ela me olhou com reprovação como se quisesse me convercer que aquilo fosse sempre acontecer. Não mesmo. Estiquei meu dedo médio e sorri pra ela. Mamãe acha que não sou capaz de cuidar dos bichinhos. O que ela não sabe é que eu fico feliz quando os vejo parados, calados, gelados. Ela não entende nada. Na próxima vez que ela me olhar daquele jeito agarro o coelho pelas orelhas e atiro bem no meio da cara dela. Eu não matei porra nenhuma. Ele caiu, escorregou, culpa daquele mágico de fundo de quintal. E eu tenho certeza que ela vai repetir a mesma história do cachorro, do gato e dos peixinhos, mas eu não tive culpa em nada. Juro. Mas ela nunca acredita em mim, não tem jeito. E tenta me enganar o tempo todo. Mas agora já não me importam as marcas que vão ficar por debaixo da minha camiseta. Giro pelas orelhas e arremesso bem no meio da cara dela. Pior é que ela tem uma puta cara de mãe, mesmo, e isso me incomoda um pouco.
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