3.7.10

ps.

Fui caminhando e pensando no que eu tenho tentado entender, recuperar, consertar. Até perdoar. Alinhando datas, relembrando frases, gestos, despedidas, mentiras minhas, e tudo vinha numa longa linha tão triste que meus passos na rua foram ficando cada vez mais curtos, até que eu parei, sem ar, o rosto todo molhado, soluços, socos na perna com a mão fechada. O que é que tá acontecendo?
Revirei a minha bolsa olhando pro lado da rua onde não havia nada além dos portões fechados de algumas casas, acendi um cigarro, fechei a bolsa tão desatenta ao zíper (numa daquelas tentativas de disperçar) que quase prendi o dedo. E não ia doer, não ia. Não estava tão interessada em entrar naquele lugar e encontrar as pessoas, histórias, ouvir música e beber alguma cerveja, mas dar meia volta e enfrentar aquele diário que eu tirei de dentro da cabeça e deixei em casa era assustador também. Daí aquela música do George Harrison começa e é a única coisa que eu ouço, tudo ao redor silenciou. Me esforço pra reagir de outra forma mas é tarde demais e tudo começa a doer ao mesmo tempo de um jeito tão filho da puta. E derrepente não havia mais anda além daquela música que tinha encontrado o caminho pros sentimentos e coisas que eu tenho evitado. Nunca tinha me sentido tão secretamente deslocada. Talvez me senti sozinha, sei lá.
Eu não sei como parar isso, não é fácil pensar em "daqui pra frente" e manter o controle, pra mim não é. Eu ouço tudo, tento administrar, faço uma lista, revejo fotografias, atendo meu telefone desapontada e passo o resto do dia e da noite com a mesma vontade de te encontrar. Absolutamente. Só aquela sensação de 'estar por perto' não resolve. O coração perdeu o jeito. Tenho tentado reunir a razão e a emoção numa mesma sala, a franqueza e a resiliência pedem a palavra, daí eu abro meus olhos e estou atravessando fora da faixa sem vontade nenhuma. Eu nem sei pra onde eu tô indo.

2 comentários:

Marina F. disse...

cara, caminhar já é um sentido. saudades oura. beijo.

Klaus disse...

Má,
o lance é que eu desviei do sentido, só ficou aquele pedaço frio, saca?
saudade tão grande, minha amiga...
beijo