25.3.09

Quando meus pais decidiram me batizar (já cometendo mais um erro), escolheram por mim padrinhos, padres, convidados e essa coisa de religião. Meu pai nunca foi católico, descobri isso depois, minha mãe tinha mais tolerancia com igrejas, mas ela era kardecista, o meu pai já foi muitas coisas, minha mãe sempre respondia que era católica quando alguém perguntava, ela me disse que se dissesse que era espírita as pessoas fariam mil especulações e julgamentos, se dissesse kardecista ninguém saberia do que estava falando e fariam mais perguntas, e sendo católica era mais fácil ficar invisível em certas conversas. Mas eu falava do batismo, né? Eu não me lembro de nada, nem de quando tudo isso foi acertado, eles me carregaram até a bacia e molharam minha cabeça e disseram algumas coisas e pronto, agora eu não teria mais pesadelos. Foi o que disseram lá, né?
Meus avós paternos foram meus padrinhos, minha avó já faleceu e meu avô casou-se novamente e tem uma filha de cinco anos que ele já deve ter batizado também, meus pais são os mesmos de antes e acho que todos já esqueceram da farra da água na bacia, né?
Com 11 anos eu frequentava as missas de domingo, todo domingo sem faltar em nenhum, eu ia sozinha, logo de manhãzinha, eu gostava sim, e ainda me livrava da "faxina geral" que meu pai impunha a nós, filhos, logo depois do pesca & cia no canal 5.
Eu me inscrevi no catecismo, dois anos na salinha dos fundos da paróquia, aos sábados. Quando faltava 1 mês pra minha primeira comunhão o padre, Cícero, nos pediu os atestados de batismo, levei o meu dentro de uma envelope usado todo rabiscado com continhas e recados pra alguém retornar uma ligação, entreguei pra ele o 'meu batismo' e saí da sala (era uma salinha pequena com cheiro de parafina derretida). Ele mandou me chamar, entrei na sala resmungando pra mim mesma aquele fedor, ele esticou o meu batismo e disse com a maior naturalidade do mundo "isso não vale, não vai poder comungar, vai ter que refazer tudo" e eu não entendi o que aquilo significava e arrisquei infantilmente um "por que?" daí ele (não) me explicou que eu tinha sido batizada em uma igreja católica apostólica brasileira, e meu batismo não servia ali, igreja católica apostólica romana, teriam que me re-batizar. Peguei de volta meu documento da água na bacia e fiz questão de pedir meu envelope de volta. Dali mesmo eu fui pra casa, confesso que a princípio um tanto chateada com a notícia. Daí fiquei pensando no que ele disse e fiquei triste com o fato de ter que substituir minha madrinha, a minha avó, já falecida, e isso pra mim era inconcebível, escolher alguém pra substituí-la só porque eles me obrigavam a isso.
Abandonei a catequese duas semanas antes da "formatura", no meu último dia eu me confessei com o padre Cícero e na saida ele perguntou se eu tinha resolvido minha situação (ele falou assim mesmo, situação) e eu balancei a cabeça afirmativamente, e essa foi a primeira mentira depois da primeira (e única) confissão.
Foi quando comecei a questionar a igreja, foi quando comecei a enxergar aquela coisa com uma pitada antipatia.
Porra, eu tinha 11 anos e uma avó-madrinha morta, não tiveram nem a decência de me explicar isso de um jeito menos duro. E ainda tentaram uma lavagem cerebral discreta, terrorismo psicológico que não colou "porque aos olhos Dele isso não passa desapercebido, filha" e blábláblá...

Hoje eu li no blog da Luana algo que me fez lembrar disso, e pensar nessas merdas que estão aí decarrilhando a igreja católica apostólica romana ladeira a baixo.
Creio (como católica apostólica brasileira, e Palmeirense!) que alguns deles estão ferrados, porque já me disseram que pra Ele nada passa desapercebido,né?

2 comentários:

Pedro Pellegrino disse...

A melhor religião é a palestrina! haha. Bacio.

Klaus disse...

Pedro Palestrino,
tenho me reparado uma torcedora mais 'disciplinada', rs... domingo é dia, né?

Beijão pra você!