bilhete n° 2 pra mim mesmo
Não posso negar que algumas coisas mudaram, mas é assim mesmo, não? A gente acorda e todo dia é diferente, a vida nem sempre é bacana e nem sempre olhamos direito ao redor. Topada atrás de topada, reclamando disso e daquilo, reclamando por ter tempo demais sobrando, e por não ter tempo suficiente também. O que é que vale realmente nessa vida?
Não me lembro de ter me sentido tão bem como agora nos últimos quatro meses, o que veio antes me fez muito contente, o que vem agora só me dá sorrisos.
Eu podia ter continuado com a mesma gargalhada, eu a tenho dentro de mim é só deixar ela sair, mas eu olhava as paredes e os rotos das pessoas e ela ficava lá dentro, não saía. Devia ter dito todas as coisas de uma só vez, devia ter te ouvido, devia ter dito aos meus amigos que os amo, como se fosse tudo que eu tivesse a fazer. E talvez fosse, talvez essa insegurança fosse só mais uma brincadeira comigo.
Deixei a louça na pia, deixei a sujeira acumular e tudo o que queria ter feito era ter ido mais vezes ao cinema, ter viajado, ter gravado o ome daquela música que eu nunca me lembro. Agora, olhando ao redor, percebo que deixei o tempo correr sozinho, me perdi nisso tudo.
Hoje quando saí de casa eu fiz o sinal da cruz, talvez eu ainda tenha um pouco de fé. Saí contente, desconfortávelmente contente, sem pensar horas a frente, eu só tinha de caminhar até a estação de trem.
Não era divertido, AINDA É. Os fantasmas estão partindo, tenho uma bagunça e tanto pra arrumar, mas ainda são os mesmos móveis, os mesmos livros, as mesmas caretas e piadinhas, ainda tô aqui. E se alguma coisa vale em tudo isso, então que seja pra me fazer ficar.
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