17.7.08

Joaquín Salvador Lavado

Ou simplesmente, QUINO.



“A escola era uma antecipação do serviço militar. Formar filas, manter a distância. Como a escola não era mixta, para mim, estar com homens é como voltar para a escola ou fazer o serviço militar, por isso também prefiro as amigas mulheres. Vivi o serviço militar como Felipe, pensando desde pequeno: ‘Algum dia vai ser a minha vez e vai ser horrível’. Sofri muito, mas tive que fazê-lo só por 8 meses e na cidade de Mendoza mesmo. Depois de fazer o juramento à Bandeira todas as noites, eu podia ir pra casa, mas acabava dormindo no quartel porque tinha medo de pegar no sono no dia seguinte. Eu estragava o meu domingo pensando que à noite teria que voltar ao quartel. Até hoje me acontece o mesmo. Costumo estragar o meu presente pensando no que me espera no futuro. Típico do Felipe. Não tenho mais o sonho recorrente de fazer o serviço militar, mas o tive até os 50 anos. Era sempre o mesmo sonho, que estava fazendo o serviço militar e dizia: ‘Mas eu já o fiz’. Então falava com o oficial e o cara me dizia: ‘Bom, rapaz, mas já é julho. Fica na tua porque se você for começar a querer provar que já fez o serviço militar, você vai acabar ficando aqui quem sabe até quando’. Tenho sonhos bonitos também. Há uns dois anos acordei e disse para a Alicia: ‘Sonhei uma coisa tão linda que se eu soubesse que as drogas me fariam passar pelas mesmas situações, eu me drogaria’.”

Nenhum comentário: