13.3.15

dia 27 de janeiro/2015.

eu sonhei com meu avô.

estávamos rodando por uma loja de materiais elétricos e ele me explicava sobre fios e conectores e eu não entendia nada. mas não tive coragem de interrompê-lo. sua voz entrava pelos meus ouvidos numa velocidade absurda, eu podia sentir a velocidade da sua voz espalhada pelo ar se aproximando de mim. ele ria do meu jeito boboca de lhe perguntar umas quatorze vezes "será que vou me lembrar disso quando acordar?". eu ria por ver os mesmos pequenos furinhos em sua camiseta pensando no que minha vó diria sobre aquilo. era mais um segredo nosso! eu disse a ele que se eu entendesse daqueles fios todos consertaria o chuveiro lá de casa. e eu contei pra ele que as coisas não iam muito bem desde o nosso último encontro, ele me deu um beliscão e continuou sorrindo. tinham muitos corredores naquela loja, caminhávamos por eles ora sorrindo ora conferindo preços, eu não conseguia parar de olhar pro rosto do meu avô. meu avô e seus cabelos brancos que eu sempre achei tão bonitos. pra prolongar a conversa eu lhe disse "vô, emagreci dois quilos" e ele falou bem alto daquele jeitão esculhambado "emagreceu nada" - hahaha - eu sabia que estava sonhando e não queria acordar. meu despertador tocou as sete e quinze, tentei não escapar daquele sonho mas abri os olhos e vi as paredes do meu quarto e o dia começando. fiquei na cama remontando as imagens na cabeça enquanto a saudade batia forte no meu peito. e, caramba, a saudade ainda é gra
nde demais pra mim. 


bloco de notas:

tenho pensado muito em viagens. lugares desconhecidos emoldurando boas lembranças (sonhos). quase me esqueço de você e peço outra dose, comento que a pior coisa do mundo é sentir falta, essa falta que não cabe em lugar algum. o cara da mesa ao lado ri numas de querer me ganhar. tenho pensado no tanto de coisas que eu gostaria de te dizer, no tanto de coisas horríveis que penso em te dizer na maior parte do tempo. te vejo entrar, aceno, meu coração escorre pro estômago. tenho pensado em ir pra longe mas me esqueço toda vez que essa maldita porta se abre e te vejo entrar.

29.1.15

empilhando caixas de papelão
&
todas essas coisas acumuladas pelo tempo:
sapatos, casacos, xícaras, talheres, travesseiros maltratados e
uma foto sua tomando sol na areia da praia
charutos envelhecidos, esquecidos
você empacotando lembranças
e indo embora
e indo pra longe dessa bagunça que virou a vida

em uma única caixa escrevi: frágil - estava vazia, era onde queria ter deixado meu coração.